Desde seus primeiros trabalhos, Fyodor Pavlov-Andreevich explora a distância que separa o espectador do objeto no “live art” (arte ao vivo). A primeira dessas experiências fez parte de "Marina Abramovic Presents", realizada em Manchester em 2009, onde Pavlov-Andreevich apresentou um trabalho de 21 dias, intitulado "My Mouth Is A Temple" (com curadoria de Hans Ulrich Obrist e Maria Balshaw). Outra tentativa de medir essa distância aconteceu no final de 2017, no SESC Consolação, em São...
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Desde seus primeiros trabalhos, Fyodor Pavlov-Andreevich explora a distância que separa o espectador do objeto no “live art” (arte ao vivo). A primeira dessas experiências fez parte de "Marina Abramovic Presents", realizada em Manchester em 2009, onde Pavlov-Andreevich apresentou um trabalho de 21 dias, intitulado "My Mouth Is A Temple" (com curadoria de Hans Ulrich Obrist e Maria Balshaw). Outra tentativa de medir essa distância aconteceu no final de 2017, no SESC Consolação, em São Paulo, como parte do Carrossel Performático do Fyodor, produzido em colaboração com o Atelier Marko Brajovic, a Playtronica e Arto Lindsay, quando Pavlov-Andreevich apresentou sua nova série, Try Me On I'm Very You, usando seu corpo como um instrumento musical a ser tocado presencialmente pelo público.
Fyodor continua a diminuir essa distância e a estabelecer uma relação entre o público e o corpo do artista com seu novo trabalho, "O Mapa Do Meu Corpo", comissionado pela galeria Baró em São Paulo, uma nova peça ao vivo de longa duração e mais uma colaboração frutífera com um dos parceiros “de crimes” mais antigos do artista, o arquiteto Marko Brajovic e seu Atelier. Desde o ano 1997, com a sua primeira visita a Moscou, Brajovic começou o estudo sobre "arquitetura performática" da vanguarda construtivista russa, evoluindo o conceito da relação entre corpo e arquitetura em interfaces sensitivas, a serem exploradas pelo público.
Em "O Mapa Do Meu Corpo", o corpo do artista se transforma em um objeto de acesso comum, um instrumento que troca as energias, intenções e intensidade humanas, capaz de receber desejos, emoções, pensamentos e intensidade, estando totalmente exposto ao que vir do lado dos espectadores. Assim, os visitantes são convidados a entrar no espaço da galeria, onde os espera uma instalação muito parecida com a famosa Casa Melnikov (1927-1929), uma das obras primas do construtivismo, residência clássica icônica da vanguarda russa da década de 1920. O prédio real, que inspirou tanto Brajovic quanto Pavlov-Andreevich desde seus anos escolares, é formada por um volume cilíndrico caleidoscópico de três andares com espaço suficiente para abrigar a família do arquiteto e seus ateliês de pintura e de arquitetura.
Desta vez, a estrutura arquitetura frágil (porque realizada em compensado), porém física, abrigará o corpo do artista, nu e vulnerável, e o visitante da galeria que entrará no espaço por sua conta e risco. Em pé na frente dele, cada visitante (um de cada vez) esta convidado a colocar uma das suas mãos em cima de uma determinada parte do corpo do artista. A cada parte do corpo corresponde uma história da própria vida do artista, narrada em voz alta por ele. Dependendo da qualidade, duração e força do toque do visitante, a história varia. Por exemplo, um toque mais forte e mais longo tornará a respectiva história mais profunda e íntima.
Os visitantes que preferirem ver e ouvir em vez de participar, serão convidados a se aproximar de uma das três cadeiras localizadas ao redor da instalação, e de olhar para a interação de cima, associando esse ato voyeurístico com o de um banheiro público, onde se olha para um cubículo vizinho de cima.