"São Paulo é uma cidade quase desprovida de souvenirs. Nem a indústria turística visualiza imagens que possam servir como uma boa lembrança de um passeio pela Paulicéia. Melhor esquecê-la.
Visitantes são convencidos por funcionários de hotéis a jamais se aventurarem a pé pela cidade _ e os locais, que adoram dizer que a odeiam, levam seus hóspedes a shoppings, como se nada mais houvesse para se ver na metrópole que lojas genéricas de Dubai a Pequim. Parte das elites, depois de desbravar c...
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"São Paulo é uma cidade quase desprovida de souvenirs. Nem a indústria turística visualiza imagens que possam servir como uma boa lembrança de um passeio pela Paulicéia. Melhor esquecê-la.
Visitantes são convencidos por funcionários de hotéis a jamais se aventurarem a pé pela cidade _ e os locais, que adoram dizer que a odeiam, levam seus hóspedes a shoppings, como se nada mais houvesse para se ver na metrópole que lojas genéricas de Dubai a Pequim. Parte das elites, depois de desbravar cada bairro de Miami, agora se aventura e se deslumbra com Las Vegas. Essas classes altas, tradicionais ou emergentes, não se aventuram pelas
idiossincrasias paulistanas. Marko Bragovic, Guto Requena e Mauricio Arruda são arquitetos que, sim, se aventuram pela cidade. E conseguem achar beleza e surpresa na feiúra da falta de planejamento, mas também no kitsch espontâneo, na cultura mestiça e popular que é fonte infindável de idéias e formas,
que felizmente não é apenas um pobre derivado de tendências internacionais. Eles pertencem a uma geração que pedala pela cidade, apesar dos shoppings, dos muros altos e das grades, das vias expressas e dos carros por todos os lados, incentivados por todas as orientações político-partidárias. Anda de skate ou patins até onde não é permitido. Que abre caminho, reinventa a praça Roosevelt e o Baixo Augusta, que ocupa o Minhocão, que faz
Viradas madrugada adentro e que descobre a beleza muralística dos grafites do Grajaú. Que perambula pela noite alternativa paulistana e se atreve a explorar territórios de onde as classes médias se abstêm. Azar o delas. Reciclando seus detritos, colocando bytes e tweets em seu concreto ou achando a poesia escondida por seus escombros, o trio de jovens mostra que, longe de dogmas de tantas décadas, a arquitetura ainda tem muito a fazer por SP."
Raul Lores
Comissionado por: Coletivo Amor de Madre
Curadoria: Raul Lores
Formato: Exposição
Descrição do Trabalho: Projeto da Exposição
Autores: Atelier Marko Brajovic + Estudo Guto Requena + Estudio Mauricio Arruda
Diretor Criativo: Marko Brajovic
Diretor Projeto: Bruno Bezerra