Uns anos atrás desapareceram os macacos que viviam no pé da Serra de Paraty. Se falava que era devido a febre amarela que supostamente se difundiu entre as famílias dos primatas. Não sei, ficamos muito tristes.
No começo da pandemia do 2020, o dia que começamos a pensar numa casa que se conecta à magnitude das árvores, aí apareceram eles. Uma família de Macacos Prego, uma tribo completa! Eles voltaram, e nos ensinaram o caminho do porquê, onde e como fazer o projeto. A Casa Macaco foi...
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Uns anos atrás desapareceram os macacos que viviam no pé da Serra de Paraty. Se falava que era devido a febre amarela que supostamente se difundiu entre as famílias dos primatas. Não sei, ficamos muito tristes.
No começo da pandemia do 2020, o dia que começamos a pensar numa casa que se conecta à magnitude das árvores, aí apareceram eles. Uma família de Macacos Prego, uma tribo completa! Eles voltaram, e nos ensinaram o caminho do porquê, onde e como fazer o projeto. A Casa Macaco foi inspirada na verticalidade da floresta, na possibilidade de nos aproximarmos das cristas das árvores, de forma gentil e sutil, se conectar com os seus inúmeros habitantes do reino da flora e da fauna.
A estrutura da Casa Macaco funciona de forma sinergética entre componentes de madeira intertravadas (todas do mesmo perfil), revestida por pele de galvalume e isolamento termoacústico. A Casa Macaco foi implantada numa área de mata secundária, entre árvores, ocupando em planta 5m x 6m, evitando assim qualquer interferência na vegetação nativa.
A leitura da floresta é vertical. O horizonte se inverte, seguindo o fluxo da energia, matéria e informação do crescimento das árvores para nos levar na procura da energia e da luz do sol. As melhores soluções de design já estão na Natureza. Para desenhar a estrutura de suporte da Casa Macaco, ficamos observando quais plantas se adaptaram melhor a topografia do terreno e quais as estratégias adotadas para permitir estabilidade no crescimento em altura. A “Juçara” ou “Içara” (Euterpe edulis) em Tupi, é uma palmeira endêmica da Mata Atlântica a qual se estrutura através raízes escoras, adaptando-se assim ao terreno em declive e distribuindo os esforços dinâmicos sobre múltiplos vetores garantindo estabilidade para o caule fino e bem alto.
Para o projeto da Casa Macaco implementamos a mesma estratégia, criando uma série de pilares finos e densos, inspirados na morfologia adventista das raízes da palmeira Juçara, garantindo assim estabilidade na da construção vertical.
A tipologia da Casa Macaco é de casa vertical com dois quartos transformável em salas graças aos serviços da cozinha e banheiro serem organizados por fluxos independentes. Dois terraços laterais favorecem a ventilação cruzada e um generoso terraço no último andar cria um ambiente multifuncional para atividades físicas, de estudo e de meditação. A casa compacta tem 54m2 de área interna e outros 32m2 de áreas cobertas, proporcionando uma conexão muito forte com o contexto natural da floresta.
Os interiores estão projetados usando acabamentos de produção artesanal em bambu, cortinas feitas com rede de pesca das comunidades locais, mobiliário combina objetos de design japonês com artesanato indigena Guarani, e todos os metais são das linhas profissionais e assinadas da Docol e Mekal.
O projeto de paisagismo é simplesmente de reflorestação da mata secundária onde a casa se encontra. A estética selvagem em torno da casa foi possível conduzindo o crescimento natural das mesmas plantas endêmicas do entorno, reforçando assim a experiência da casa estar imersa num contexto natural originário.
A Casa Macaco se abre em todas as direções, graças a terraços internos laterais e a varanda no último andar, proporcionando assim ventilação natural e espaços de uso exterior cobertos.
A Casa Macaco é um um observatório. Um lugar de encontro e reencontro com você mesmo e outras espécies, para observar a Natureza fora e dentro de nós, onde tudo está em tudo.
Clientes: Aldeia Global
Nome do Projeto: Casa Macaco
Projeto: Atelier Marko Brajovic
Diretor Criativo: Arq. Marko Brajovic
Director de Projeto: Arq. Bruno Bezerra
Equipe de Projeto: Vitoria Mendes, May Shinzato
Créditos fotográficos: Rafael Medeiros, Gustavo Uemura
Engenharia: Atelier Marko Brajovic
Paisagismo: Atelier Marko Brajovic
Construtora: Hybrida Production
Colaboradores: Docol, Mekal.